Aproveitando o clima final de semestre, e como havia dito que postaria aqui alguns dos meus trabalhos, aí vai.

                   Na disciplina de História da indumentária, desenvolvemos as chamadas “Bonecas da Moda”, ou seja, roupas modernas inspiradas em diferentes épocas da história. As roupas deveriam ser vestíveis na atualidade ou poderiam fazer o “tipo passarela” (as minhas, no caso). 

Algumas fotos para ilustrar melhor:

A boneca, despida.

                    O corpo da boneca que desenhei, e que serviu de base para fazer as roupas.

                   As roupas foram feitas em sulfite A3, recortadas e coladas em papel Paraná, para ficarem mais firmes:

Look 1

Look 2

Look 3

                Nessas roupas trouxe referências dos Séculos XVI , XVII e XVIII, a partir de imagens de pinturas e filmes.

Algumas, entre elas, a seguir:

 

 

Inspiração para Look 1 (Mangas)

Inspiração para Look 2 (Armação da saia - panier)

Inspiração para Look 3 (Rufo) - Rainha Elizabeth

Inspiração para Look 1 (Abotoamento) Filme "Restoration"

A boneca vestida com os três Looks, respectivamente:

 

 Para incrementar a representação das roupas, usei colagem de tecido em alguns detalhes:

Malha branca na gola do casaco e aplique de veludo molhado na manga.

Tecido com Lurex na barra italiana do short.

Cetim estampado fazendo a vez de lenço.

Cetim pink no barrado das camadas do vestido.

            Impossível deixar de comentar a respeito do filme “Alice no País das Maravilhas”; fui assistir esse final de semana no IMAX, e achei lindo e muito envolvente. Tanto tentei me focar nos inúmeros detalhes do filme (fotografia, figurino, maquiagem, efeitos e legenda – por que não?!) que foi até difícil conseguir me prender a uns sem perder outros. É o tipo de filme que assistiria mais algumas vezes só para reparar em tudo.

            Achei muito rico em vários sentidos. O elenco, é claro, muito bom, Johnny Depp estava fabuloso em seu papel de chapeleiro, (para mim foi o personagem mais interessante do filme), e adorei a performance de Mia Wasikowska (Alice), linda, mas com um jeitinho de menina que que achei tudo a ver com a personagem.

 

            Pude notar no filme referências de diversas áreas, que na minha visão, de estudante, exemplificou muitas coisas vistas até mesmo em aula.

            Primeiramente, a respeito do figurino, traz um estilo da Inglaterra Vitoriana, com seus vestidos ajustados, a postura exigida das mulheres na época, como o uso do espartilho, a cobrança de se casar para ter uma vida digna, e toda a pressão exercida por uma sociedade conservadora.

            Alice, por ter uma mente mais aberta como a de seu pai, encontra em seu outro mundo uma saída, um escape para fugir dos padrões nos quais ela não se encaixava.

            Se eu for falar aqui, a respeito do figurino, de tudo o que me chamou a atenção, não acabaria nunca, então vou resumir no aspecto que achei mais importante: a atenção dada aos detalhes. Nota-se que cada peça que aparece no filme possui uma história, como o chapéu do chapeleiro maluco, que sobreviveu ao ataque da Rainha Vermelha, com suas marcas de queimado e objetos presos a ele. Assim como o vestido que Alice usa em parte do filme, o que é confeccionado para ela em alguns instantes pelo próprio chapeleiro; achei um momento de grande sensibilidade, porém sutil. Esses detalhes me agradaram muito.

         Reparei também, no momento do “noivado”, que há um artista representando a situação em uma tela, o que me remete aos mecenas que contratavam os então artistas, e não mais artesãos, para os retratarem em telas.

            Na questão histórica, me arrisco a relacionar a disputa entre as duas rainhas (Branca e Vermelha) com a Guerra das Rosas, ocorrida na Inglaterra, no séc. XV. Não tenho certeza se procede essa relação, mas acho que pode ter alguma referência, pois esta guerra se deu entre duas dinastias que lutavam pelo trono: a York (rosa branca) e Lancaster (rosa vermelha). Não sei ao certo quem venceu, considerando que foram cerca de trinta anos de batalhas esporádicas; mas é muita coincidência.

 

            Acho que no final, a mensagem que o filme deixa é: acreditar nas coisas que consideramos impossíveis, ser um pouco loucos de vez em quando, e não fazer apenas o que nos é ordenado, mas seguir nossas intuições e anseios.

Está aí minha impressão sobre o filme. E eu recomendo que o assistam.

          Uma indicação de filme para ver no fim de semana quem estiver inspirado: “Moça com brinco de Pérola”  de Peter Webber, 2003.

          Assisti esse filme já faz uns dois anos, mas ao me lembrar dele vem à memória a beleza e graciosidade das cenas, e a riqueza de informações.

"Moça com Brinco de Pérola" Vermeer, 1665

            O filme é baseado na obra de Vermeer, tendo como tema central a execução da própria. O que me chamou a atenção no filme, são as técnicas que o pintor usa para produzir suas próprias tintas, a sua enorme preocupação com luz e sombra, a composição de cores que as forma, e , como sugere o filme, que ele usava lentes para transpor a imagem a ser pintada para a tela, como tudo parece tão surreal; é muito bonito de ver.

 

 

  • No vídeo a seguir , vemos o trecho do filme em que o artista fala à jovem que o ajuda em seu atelier sobre as cores que compõe os efeitos de luz e sombra na pintura:         

http://www.youtube.com/watch?v=PHwX0iVDCw4&feature=related

  • Sobre o Artista 

          Vermeer nasceu na Holanda, pintou a obra em questão em 1665, teve influência de Rembrandt em sua obra, influência tal que tranparece pela pincelada mais marcada, um belotrabalho feito com nuances de luz em sua pinturas. Vermeer realizava muitos retratos, os quais eram encomendados, mas também pintava muitas cenas de interior.

          Abaixo, obra de Rembrandt, onde podemos ver referência de contrastes e nuances de luz e sombra formados com pinceladas de cor.

Rembrandt, 00003043-A

  • Resultado do Retrato

          No final, ao retratar a jovem na tela em seu atelier, usando o brinco de pérola, é para mim uma das cenas mais bonitas do filme, há uma grande intensidade de sentimentos quando Vermeer pede à moça que molhe os lábios e olhe diretamente para ele. Mas arte é isso, ao meu ver, uma atividade muito íntima, aonde idéias e inspirações brotam, requerindo muita concentração, e o resultado é quase sempre surpreendente.

          Fica claro na reação da retratada, quando ela diz, ao olhar para a tela pronta: “Você olhou dentro de mim”; como a pintura pode registrar a personalidade da pessoa e o momento em cores, brilhos, pinceladas. O poder de um brilho nos olhos.

  • Veja esta parte do filme no vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=Z-MuoYMY8rA&feature=related